domingo, 8 de novembro de 2009

O centro velho: abandono, degradação e precariedade

Cracolândia, uma rotulação dada a uma região do centro de São Paulo, demarcada entre a Estação da Luz e Santa Ifigênia, concentra um dos mais graves problemas desta cidade, o uso descontrolado e o tráfico de entorpecentes, sendo principal o crack. O consumo do crack é maior que o da cocaína, por ser mais barato e por surtir efeito rapidamente. Encontram-se pessoas de todas as idades e classes sociais que fazem uso desta droga. Para sustentar o vício, seus usuários realizam furtos a fim de conseguirem dinheiro ou objetos para a obtenção de mais drogas; ocasionando assim a ocorrência de mais um grave problema na região central, a violência.Na tentativa de solucionar esta situação, a prefeitura de São Paulo tem a intenção de demolir a parte mais degradada que possui edifícios abandonados e oferecer os terrenos à iniciativa privada. Esta possível solução apenas resolverá a questão do ambiente degradado da região central de SP, mas e os usuários que foram dominados pelo vício, para aonde irão, o que irão fazer?

Outro fator que agrava a precária situação do centro de SP é a falta de limpeza nas ruas. Por estabelecer um dos pólos mais influentes da economia de São Paulo, esta região deveria ser mais conservada, limpa e organizada. Podemos questionar a inexistência de lugares específicos para se depositar o lixo pelas extensões das ruas, mas também podemos questionar a falta de bom senso das pessoas que vivem, trabalham e moram na área e que depositam seus lixos nas ruas. Grande parte do lixo acumulado é despejado pelos próprios comerciantes da região. Sabemos que a Prefeitura do município disponibiliza varredores e coletores, mas infelizmente estamos vulneráveis às possíveis eventualidades como fortes chuvas que ocasionam enchentes e, por conseguinte caos no trânsito, pessoas ilhadas, doenças e diversas outras situações.


Prédios fantasmas

Sujos e degradados, muitos imóveis do centro foram abandonados por famílias, comerciantes e microempresários. Estes imóveis foram invadidos pela prostituição, pelo tráfico de drogas e pelo comércio de produtos piratas.
O edifício São Vito, um dos mais famosos de São Paulo, pode ser citado como exemplo de degradação e decadência. Localizado no número 3.197 da Avenida do Estado, no coração do centro, ao lado do Parque Dom Pedro II, tem 26 andares. Da janela de cada um deles, podem-se observar duas paisagens, do lado sul, o canal do rio Tamanduateí que margeia o Mercado, na porção norte há as casas modestas e os prédios de três, quatro ou cinco andares do Brás.


Ele ganhou notoriedade em meados da década de 80, conhecido como maior cortiço verticalizado da cidade, recebeu o apelido de “treme-treme”. Foi cenário de diversas ocorrências como pessoas que entravam e saíam apressadas do prédio com medo de serem atingidas por sacos de lixo, vasos sanitários e até botijões de gás, que eram jogados das janelas dos apartamentos com freqüência; tráfico; prostituição; atrocidades como assassinatos e estupros eram freqüentes. Fatos como a queda de uma criança do 25° andar e o estupro de uma criança de três anos agravaram mais a situação, intensificando o clima de tensão e medo. Policiais eram obrigados a investigar os casos à paisana, impedidos de se aproximarem do edifício.


Em 2004, um projeto de revitalização do centro cogitou recuperá-lo e foi, então, desapropriado e interditado. Permaneceu assim, até que o projeto foi abandonado conforme se sucediam as novas administrações. Este prédio, como muitos outros na cidade continuam fantasmas e a solução para o problema parece utópica.